Dramaturgo e compositor, Jonathan Larson sempre demonstrou uma dedicação e amor singular à música.
Nascido em Nova Iorque no dia 04 de fevereiro de 1960, trabalhou como garçom num restaurante em Manhattan, antes de se tornar compositor e dramaturgo.
Sua história emociona, e faz com que Jonathan receba merecida admiração e simpatia por todos que têm a oportunidade de conhecê-la.
Antes de tudo, é importante salientar que Jonathan Larson foi um dos dramaturgos mais importantes do pós-modernismo. Conseguiu criar um dos musicais mais vigorosos da Broadway, RENT. Esse musical aborda questões sérias como vícios e a epidemia de AIDS.
Penso que principalmente para os amantes de teatro, é fundamental conhecer a história e o trabalho realizado por este grande homem, que morreu jóvem, no auge de seu trabalho, aos 35 anos de idade. Pois Jonathan Larson foi o primeiro dramaturgo a inserir a ópera rock aos teatros musicais que, até então, limitavam-se à óperas orquestradas.
Quando era jovem, suas influências musicais foram:
Elton John
The Who: uma banda de rock britânica surgida em 1964.
Billy Joel
E no teatro musical, compositores clássicos como:
Stephen Sondheim: descrito por Frank Rich no The New York Times como "o maior e talvez o mais conhecido artista do teatro musical americano".
A paixão pela arte e pela múscia fez despertar em Jonathan, em 1988, o interesse em fazer uma adaptação da ópera La Bohème, que estreou em 1896, usando temas atuais como a homossexualidade, o vício e a tuberculose:
La Bohème
La bohème é uma ópera em quatro atos de Giacomo Puccini, baseado no livro de Henri Murger, Scènes de la vie de bohème. Estreou no Teatro Regio de Turim a 1 de fevereiro de 1896, sob a regência de Arturo Toscanini.
La Bohème é um exemplo de uma ópera proletária (um conceito usado por anarquistas, comunistas e marxistas para definir a classe antagônica à classe capitalista.). Até a época em que Puccini compôs La Bohème, quase todos os personagens de ópera tinham sido reis, príncipes, nobres, guerreiros, deuses ou heróis da mitologia grega. Os personagens de La Bohème são intelectuais proletários que não têm dinheiro para pagar o aluguel. Assim como Violetta Valéry em La Traviata de Verdi, a protagonista da ópera de Puccini morre de tuberculose. Mas, ao contrário de Violetta, Mimì não é nenhuma cortesã dos salões elegantes de Paris; ela não passa de uma pobretona da periferia.
Para desenvolver aquela que mais tarde seria sua "obra-prima" do teatro musical, Jonathan quis acrescentar ao musical elementos de suas experiências pessoais. Como por exemplo o fato de sua namorada tê-lo abandonado para namorar outra mulher. Isso o inspirou para a criação do personagem Mark. Ele era namorado de Maureen que o deixou para namorar a advogada Joanne.
Quadro comparativo de semelhança entre os personagens:
PERSONAGENS LA BOHÈME
|
PERSONAGENS RENT |
Mimi: costureira e portadora de tuberculose
|
Mimi: dançarina exótica e portadora do vírus HIV |
Rodolfo: poeta
|
Roger: músico portador do vírus HIV |
Marcello: pintor
|
Mark: cineasta |
Musetta: cantora
|
Maureen: cantora, homossexual |
| Schaunard: músico |
Angel schaunard: drag queen, percucionista, portador do vírus HIV
|
| Colline: Filósofo |
Tom Collins: professor de filosofia, anarquista, homossexual, portador do vírus HIV
|
No início dos anos 90, Jonathan abandonou seu emprego de garçom para dedicar-se inteiramente ao projeto de RENT.
Concentrou-se em tudo, desde a composição das músicas e do roteiro, à seleção do elenco.
O maior sonho de Jonathan era compor uma ópera-rock: até então, todas as peças de teatro musical eram óperas orquestadras. Jonathan criou esta inovação pós-modernista ao trocar a orquestra por banda, afim de atrair a geração MTV para o teatro musical.
|
Depois de muitos
ajustes, o elenco
foi selecionado
em 1994
|
|
Em 1995 o musical
começou a ser
ensaiado |
|
|
A estreia de RENT
aconteceu em 1996, num teatro off-broadway, em Nova Iorque. Cem anos após a estréia da ópera
La Bohème, em
Paris
|
No dia 24 de janeiro de 1996 ocorreu o último ensaio geral, uma noite anterior à estreia. Jonathan iniciou seu trabalho com o pé direito, pois sua primeria entrevista foi para nada menos que o jornal The New York Times.
Jonathan comemorava o espetáculo que tinha tudo para ser um sucesso!
Na mesma semana que antecedeu a estréia, Jonathan procurou um médico por várias vezes, pois queixava-se de mal estar. Mas do ponto de vista clínico era natural a sensação de mal estar, uma vez que Jonathan estava emocionado com a estréia de sua peça. Ele então recebeu recomendações para descansar e acalmar-se para estar bem disposto no dia da estréia. Mas infelizmente, Jonathan não viveu para ver a tão esperada estreia. Logo após a entrevista para o New York Times, Jonathan foi para casa e, sentindo-se mal, dirigiu-se até a cozinha de sua casa para preparar um chá. Amigos encontraram seu corpo caído no chão no dia seguinte, 25 de janeiro de 1996, mesmo dia da estreia de RENT.
O elenco, desconsolado e em estado de choque reuniu-se no teatro onde se apresentariam naquele mesmo dia e entraram em contato com o pai de Jonathan, pois pretendiam cancelar a estreia.
O pai de Jonathan foi firme em sua decisão: "Para Jonathan, cancelar a estreia seria pior que sua própria morte. O espetáculo deve acontecer"
Todos haviam decidido que não haveria atuação naquela noite, apenas uma leitura do roteiro com os atores assentados no palco.
Mas tomados pela emoção, o elenco não se conteve. E, levantando-se um a um, fizeram RENT acontecer!
A atuação foi mais emocionante do que todos poderiam imaginar:
Em uma cena, um dos personagens morre, ainda jóvem por consequência da AIDS. Seu companheiro canta uma canção de despedida. A canção fala do amor, do carinho e da falta que todos sentiriam dele. No roteiro esta canção era direcionada ao personagem, mas todos sabiam que na verdade não era o personagem, mas sim o ator, cantando para Jonathan. Como haveria de ser, essa cena terminou em uma série de aplausos.
Ao final da peça todos se silenciaram por alguns minutos, fazendo um minuto de silêncio para o autor daquela obra fantástica. Em um determinado momento, uma pessoa da platéia, tomada pelo impulso, levantou-se e gritou emocionado:
THANK YOU, JONATHAN LARSON
(Obrigado, Jonathan Larson)
A partir de então esta frase tornou-se símbolo de RENT. Por toda parte haviam placas marcadas com essa frase. Desde os bastidores do teatro, aos bares frequentados por Jonathan, onde ele ficava horas escrevendo o roteiro.
RENT tornou-se o musical mais aclamado dos anos 90! Teve um sucesso surpreendente no pequeno teatro off broadway (teatros menores do que os teatros da Broadway) em que estava em cartaz.
Por causa das criticas positivas e as noites consecutivas de casa cheia, os produtores levaram o musical para a Broadway (avenida da cidade de Nova Iorque,muito famosa pelos seus teatros que exibem superproduções de musicais, que muitas vezes ficam em cartaz durante vários anos).
E por causa de RENT Jonathan Larson ganhou fama repentina por todo EUA.
Fachada do teatro onde RENT eseve em cartaz por 12 anos, em que as imagens se remetem ao cenário.
Cartaz publicitário
Elenco 
Elenco
Performance do elenco
Personagem "Mimi"
Atuação do elenco durante a música "La vie Bhéme". Personagem "Mark" em destaque.
La vie Bohème
Personagens Maureen e Joane na música "Take me or live me"
Elecno de RENT apresentando-se.
Mark e Roger em atuação
Personagem "Angel"
Personagens Maureen e Joane na música "Take me or live me"
Elecno de RENT apresentando-se.
Mark e Roger em atuação
Personagem "Angel"
